terça-feira, 8 de julho de 2008


O RMS Titanic foi um navio transatlântico da Classe Olympic operado pela White Star Line e construído nos estaleiros da Harland and Wolff. Na noite de 14 de Abril de 1912, durante sua viagem inaugural, chocou-se com um iceberg, e afundou duas horas e quatro minutos depois, na madrugada do dia 15 de Abril de 1912. Até o seu lançamento em 1912, ele foi o maior navio de passageiros do mundo.

O naufrágio resultou na morte de 1,517 pessoas, hierarquizando-a como uma das piores catástrofes marítimas da história e de longe a mais infame. O Titanic desprovia de algumas das mais avançadas tecnologias disponíveis da época e foi popularmente referenciado como "inafundável" - na verdade, um folheto publicitário de 1910, da White Star Line, sobre o Titanic, alegava que ele fora "concebido para ser inafundável". Foi um grande choque para muitos que, apesar da tecnologia avançada e experiente tripulação, o Titanic ainda afundou com uma grande perda de vidas humanas. Os meios de comunicação social sobre o frenesi de vítimas famosas do Titanic, as lendas sobre o que aconteceu a bordo do navio, as mudanças resultantes do direito marítimo, bem como a descoberta do naufrágio em 1985 por uma equipe liderada por Robert Ballard fizeram a história do Titanic persistir famosa desde então.

Construção


O Titanic foi um transatlântico da White Star Line, construído nos estaleiros da Harland e Wolff, em Belfast, Irlanda destinado a competir com os navios Lusitania e Mauretania da empresa rival Cunard Line. O Titanic, juntamente com os seus irmãos da classe Olympic, o Olympic e o ainda em construção Britannic (originalmente chamado de Gigantic), se destinavam a ser os maiores e mais luxuosos navios a operar. A construção do RMS Titanic, financiada pelo americano J.P. Morgan e sua companhia International Mercantile Marine Co., começou em 31 de Março de 1909. O casco do Titanic foi lançado no dia 31 de Maio de 1911, e sua equipagem foi concluída em 31 de Março do ano seguinte. O Titanic tinha 269 metros de comprimento e 28 m de largura, uma tonelagem bruta de 46,328 toneladas, e uma altura da linha d'água até o deck de botes de 18 metros. O Titanic continha dois motores de quatro cilindros de expansão tripla, invertido com motores a vapor e uma turbina de baixa pressão Parsons de três hélices. Haviam 29 caldeiras alimentadas por 159 fornos de carvão à combustão que tornaram possível a velocidade máxima de 23 nós (43 Km/h). Apenas três das quatro chaminés de 19 metros de altura eram funcionais; a quarta chaminé servia apenas para ventilação; foi adicionada para dar ao navio um olhar mais impressionante. O navio podia transportar um total de 3,547 pessoas, entre passageiros e tripulação e, por transportar correio, usava o prefixo RMS (de Royal Mail Steamer), bem como SS (Steam Ship). Haviam botes salva vidas insuficientes para todos os passageiros do Titanic, apesar de todos os requisitos legais terem sido seguidos.

A Viagem inaugural

O navio começou a sua viagem inaugural de Southampton, na Inglaterra, com destino a cidade de Nova York, Nova York, na quarta-feira, 10 de Abril de 1912, com o Capitão Edward J. Smith no comando. Tal como o Titanic deixou seu cais, ele provocou a aproximação do SS New York, que estava ancorado nas proximidades, rompendo suas amarras e quase se chocando com o navio, a tempo de os rebocadores retirarem o Titanic do canal. O acidente atrasou a partida em uma hora. Depois de atravessar o Canal da Mancha, o Titanic parou em Cherbourg, França, para pegar mais passageiros e parou novamente no dia seguinte em Queenstown (hoje conhecida como Cobh), na Irlanda, antes de prosseguir para Nova Iorque com 2,240 pessoas a bordo.[6]

Algumas das mais proeminentes pessoas em todo o mundo foram viajar em primeira classe. Estas incluíam milionário John Jacob Astor IV e sua esposa Madeleine Force Astor; o industrial Benjamin Guggenheim; Isidor Straus proprietário da Macy's e sua esposa Ida; a milionária de Denver Margaret "Molly" Brown; Sir Cosmo Duff Gordon e sua esposa couturiere Lady Lucille Duff-Gordon; George Elkins Widener e sua esposa Eleanor; John Borland Thayer, sua esposa Marian e seu filho de de dezessete anos de idade, Jack; o jornalista William Thomas Stead, a Condessa de Rothes; E.U. presidenciais aide Archibald Butt; a autora e socialite Helen Churchill Candee; o autor Jacques Futrelle e sua esposa May, e os seus amigos, os produtores da Broadway Henry e Irene Harris; a atriz de filme mudo Dorothy Gibson, e outros. Também viajaram na primeira classe o diretor da White Star Line, J. Bruce Ismay que surgiu com a idéia do Titanic e construtor do navio Thomas Andrews, que estava a bordo para observar eventuais problemas e avaliar o desempenho geral do novo navio.

O naufrágio


A colisão

Ao anoitecer de 14 de Abril, o Comandante Smith mandou reforçar a vigia no mastro de proa (frente do navio), e fornecer binóculos. Esses equipamentos não foram encontrados e os vigias tiveram que fazer o seu trabalho apenas com a sua visão. O Comandante Smith retirou-se para os seus aposentos e deixou no comando na ponte o Segundo Oficial Charles Lightoller, que mais tarde foi substituído pelo Primeiro Oficial William Murdoch. A noite estava fria e calma, sem ondulação e sem vento. Somente a luz das estrelas e do Titanic iluminavam a escuridão. Às 22h30, a temperatura da água do mar era gélida, cerca de 0,5º abaixo de zero, o suficiente para matar por hipotermia uma pessoa em apenas vinte minutos. Às 23h40, os vigias do mastro, Frederick Fleet e Reginald Lee, avistaram uma sombra mais escura que o mar à frente. A imensa sombra cresceu rapidamente e revelou ser um imenso iceberg na direção do navio. Imediatamente o pânico deu lugar aos reflexos e Fleet tocou o sino de alerta do mastro três vezes e ergueu o comunicador para falar com a Ponte de Comando. Preciosos segundos se perderam até que o comunicador foi atendido pelo Sexto Oficial Paul Moody onde Fleet gritou "Iceberg logo à frente". O Primeiro Oficial que ouvira e vira a imensa massa de gelo na direção do navio, entrou na ponte de comando. Gritou, ordenando ao timoneiro Robert Hitchens "tudo a estibordo", e à casa de máquinas, "máquinas a ré toda a força". Na ponte de comando e no mastro de proa, os tripulantes observaram inertes o imenso iceberg vindo em rumo de colisão.

Na casa das máquinas, a correria foi grande. O vapor que estava a ser enviado para os motores tinha de ser fechado, a fim de parar os pistões. Nas salas de caldeiras, os carvoeiros tiveram que parar de alimentar as fornalhas e abrir os abafadores das caldeiras. Quando os enormes pistões estavam quase parados, uma alavanca na base dos motores fora acionada para reverter os giros das hélices centrais, e então as válvulas tiveram que ser novamente acionadas para libertar o vapor para entrar nos motores que começaram a girar no sentido inverso. A hélice central assim que fora acionado o reverso dos motores parou de funcionar, pois este não era acionado pelos motores do navio, mas por uma turbina que era alimentada pela sobra do vapor dos motores.

A proa do navio começa a deslocar-se do Iceberg, e 47 segundos após se ter visto o Iceberg, não se consegue evitar a colisão. Esta ocorre às 23h40, na Latitude 41º 46´N e Longitude 50º 14´W. Arestas do Iceberg colidem com o casco do navio, fazendo com que se soltem os rebites entre as placas de aço, resultando em pequenas aberturas no casco, tendo sido afectados mais de noventa metros de casco deixando abertos os 5 compartimentos estanques. Apenas 20 minutos depois, o convés já tinha começado a inclinar-se.

O vigia Fleet baixa-se no ninho da gávea do mastro de proa e sente o navio tremer e pedaços de gelo são arremessados ao convés da proa. O navio todo treme e na ponte de comando o oficial Murdoch aciona imediatamente o encerramento das portas estanques. Nos porões de carga do navio, a água jorra com imensa força. Seguiu-se então um estrondo e a água do mar rompeu por toda a lateral da sala de caldeiras número seis. As primeiras vítimas foram cinco operários que lutavam para manter seguras as correspondências na sala de correios inundada logo após a colisão. Morreram todos afogados tentando salvar as cartas que rumavam para a América a bordo do navio.

Com o abanão provocado pela colisão, muitos passageiros acordaram. O Comandante Smith dirigiu-se imediatamente para a ponte de comando e foi informado do ocorrido. Ordenou imediatamente a paragem total das máquinas. Com a paragem das máquinas, um barulho ensurdecedor é ouvido na área externa do navio, devido à grande quantidade de vapor expelido.

O Comandante Smith chamou o Engenheiro-chefe, Thomas Andrews, e solicitou um exame das avarias. Após alguns minutos, Andrews selou o destino do Titanic dizendo: "O navio vai afundar, temos menos de duas horas para evacua-lo". Bruce Ismay, Presidente da White Star Line e o Comandante Smith mostraram-se incrédulos com o relato. "O Titanic não pode afundar" - menciona Ismay - "é impossível ele afundar". Haviam sido atingidos 5 compartimentos estanques. Com quatro compartimentos, o Titanic ainda conseguiria flutuar, mas o peso de cinco compartimentos cheios de água faziam a proa afundar e o navio perderia o seu ponto de equilíbrio. A água do sexto compartimento passaria para o sétimo compartimento, depois para o oitavo compartimento, e assim por diante.

Eventos após a colisão


Por volta das 0h00 do dia 15 de Abril, o Comandante Smith dirige-se à cabine de telégrafos e solicita para que os operadores do turno, Jack Phillips e Harold Bride, enviem a posição do navio junto com um pedido de ajuda. "SOS. Abalroamos um Iceberg. Afundamento rápido. Venham ajudar-nos". Foi a primeira vez que o sinal internacional de SOS por rádio , foi utilizado num acidente, pois o primeiro navio a enviar um SOS foi o Arapahoe em 1909 quando se encontrava perdido. O navio de passageiros Carpathia, da "Cunard Line", estava a quatro horas de distância do Titanic. Foi o primeiro a acorrer ao local. O rádio operador do Carpathia antes de ir dormir, efectuou uma última verificação às comunicações e captou a mensagem do Titanic. Próximo ao Titanic, havia um navio que era visível, possivelmente o SS Californian. O seu telegrafista não recebeu os pedidos de ajuda, pois acredita-se que estava a dormir. Não era comum manter telegrafistas a trabalhar durante a noite. Após o desastre do Titanic isso tornou-se obrigatório.

Às 0h05, o Comandante Smith reuniu os oficiais e informou-os do ocorrido. Solicitou que os passageiros fossem acordados e que se dirigissem ao convés onde se encontravam os botes salva-vidas para serem evacuados. Sabiam que o número de botes era suficiente para apenas pouco mais da metade das pessoas a bordo, mas mesmo assim pediu para não haver pânico. Os empregados começaram a passar de cabine em cabine na primeira e segunda classes, acordando os passageiros, solicitando para colocarem os coletes salva-vidas e para que se dirigissem para o convés dos botes imediatamente. Enquanto isso, os passageiros da terceira classe permaneciam reunidos e trancados no grande salão da terceira classe junto à popa (parte de trás do navio). Muitos passageiros revoltaram-se, e alguns aventuraram-se pelos labirintos de corredores no interior do navio para tentar encontrar outra saída. Alguns conseguiram escapar com vida, mas muitos deles acabaram sepultados dentro do Titanic. A evacuação havia sido feita de acordo com as classes sociais a que os passageiros pertenciam, valor até então aceitável.

Às 0h31, os botes começaram a ser preenchidos com "mulheres e crianças primeiro". Os primeiros botes foram lançados sem ter a lotação máxima permitida. Alguns sobreviventes relataram que a sensação ao caminhar no convés de botes era como a de estar descendo um monte.

Como o navio que estava próximo não respondia, nem aos sinais do telégrafo, nem aos sinais da lanterna, às 0h45, o Capitão Smith manda que fossem disparados os foguetes de sinalização. É arriado o primeiro bote salva-vidas n.º 7. A fim de evitar o pânico, o capitão solicitou que a orquestra de bordo viesse tocar junto ao convés dos botes para acalmar os passageiros. A tradição diz que a banda foi para o fundo a tocar "Nearer My God to Thee". Segundo o testemunho do segundo operador de rádio, estava a tocar "Autumn", um hino episcopal.

Enquanto que nos primeiros botes tinha que se implorar para que as pessoas entrassem, fazendo muitos deles descer praticamente vazios, nos últimos, o tumulto era bem visível. Relatam-se tiros para o alto para conter os mais afoitos. Faltando pouco mais de dois botes para deixar o navio, os passageiros da terceira classe são liberados. Restavam apenas esses dois botes e os dois desmontáveis que ficavam junto à base da primeira chaminé. A água gélida já invadia os convés, quando os botes desmontáveis conseguiram ser lançados.

Às 2h05, é arriado o último bote salva-vidas, o desmontável "D". Às 2h10, é enviado o último sinal pelos telegrafistas. O Capitão Smith ordena "cada um por si" e não é mais visto por ninguém. Já com a proa mergulhada no mar e a água a atingir o convés de botes, o pânico é geral. Heroicamente, os operários da sala de eletricidade resistem até ao final para manter as luzes enquanto podem. Às 2h18, as luzes do navio falham.

A primeira chaminé, não aguentando mais a pressão exercida sobre ela, tomba na água, vítimando dezenas de pessoas nos convés e na água, inclusive, John Jacob Astor IV, homem mais rico do navio. O mesmo acontece com a segunda chaminé. A água gélida avança rapidamente, arrasando tudo o que há pela frente. Muitos são sugados pelas janelas para dentro do navio pela força das águas. A popa do Titanic sobe, mostrando suas imponentes hélices de bronze. O navio parte-se em dois e caem as duas chaminés que restavam. Enquanto a proa submerge, a mesma arrasta a popa, deixando-a na vertical e, segundos depois e totalmente submersa, desprende-se e começa a afundar. Depois a popa flutua por dois minutos e também começa a afundar. Às 2h20 o navio mergulha a pique pelas profundezas do oceano.

Resgate dos sobreviventes

Às 4h10, de 15 de Abril de 1912, o navio Carpathia resgata o primeiro bote salva-vidas. No local, apenas duas dezenas de botes flutuando dispersos entre os destroços. Assim que os primeiros raios de Sol surgiram no horizonte, outros navios começaram a chegar na área do naufrágio. Entre eles, o Californian. Mas nada mais havia a fazer a não ser resgatar os corpos que boiavam. A recolha do último salva-vidas, o desmontável B, que estava virado de cabeça para baixo, aconteceu às 8h30. O Carpathia ruma a Nova Iorque com os sobreviventes pelas 8h50. Das 2.223 pessoas a bordo, apenas 706 foram resgatadas. Mais de 1.500 morreram. Os tripulantes sobreviventes receberam cuidados no American Seamen's Friend Society Sailors' Home and Institute (Lar e Instituto da Sociedade Americana dos Amigos dos Marinheiros), sede da Sociedade Americana dos Amigos dos Marinheiros.

Depois disso, o nome Titanic, ficou o símbolo da maior tragédia marítima da História. O Capitão Smith e o engenheiro-chefe Thomas Andrews permaneceram no navio. No entanto, Bruce Ismay, Presidente da White Star Line, embarcou num dos últimos botes que deixou o navio. A sociedade da época nunca o perdoaria por esse feito.

Resgatados e Mortos
Categoria Resgatados Mortos
Mulheres e crianças Homens Total
primeira classe 98% 31% 199 130
segunda classe 87% 16% 119 166
terceira classe 47% 14% 174 536
Totais 22% 685 832